sábado, 22 de junho de 2013

CNBB e novos desafios





Estivemos reunidos os bispos que compõem o Conselho Permanente da CNBB nos dias 19,20 e 21 deste mês de junho. O Conselho Permanente é constituído por bispos de todos os Regionais da CNBB, desde o Estado de Amazonas até o Rio Grande do sul.  A reunião transcorreu em clima de oração tendo como objeto de reflexão temas relativos à vida interna da Igreja e à sua missão dentro da sociedade. Dentre as questões relativas à vida interna da Igreja mereceu especial destaque a escolha do tema central da Assembleia da CNBB do próximo ano. Depois de muitas ponderações decidimos que devemos concluir a reflexão do mesmo tema deste ano: “Comunidade de comunidades: uma nova Paróquia”. Há em quase todas as dioceses um grande empenho em estudar o documento – instrumento de trabalho – publicado pela CNBB com o objetivo de oferecer sugestões para serem debatidas na assembléia do próximo ano. A missão dos fieis leigos na Igreja e no mundo deve ser objeto também de especial consideração da próxima assembléia devendo possivelmente, na assembléia de 2015, ser o tema central. Outras questões especificamente eclesiais: Jornada Mundial da Juventude, Diretório de Comunicação, Caritas brasileira, relatórios das atividades dos Regionais da CNBB.

                Dos temas relativos à vida da sociedade refletimos sobre várias questões: as manifestações de rua da juventude, a necessidade da criação de Associações de Famílias, Reforma Política, Código Penal, Conselho Nacional de Religiões no Brasil, conflito entre indígenas e proprietários de terra no Mato Grosso do Sul e coleta de assinaturas para a campanha “Saúde+10”. Sobre a Campanha “Saúde+10” até agora já foram auditadas 659 assinaturas colhidas pela CNBB e já foram coletadas pela Igreja e outras entidades mais 700 mil assinaturas não auditadas.

            As manifestações de rua nos últimos dias mereceram cuidadosa reflexão de nossa parte traduzida em nota da Presidência da CNBB publicada em seu Site no dia 21. Segue a nota, sob o título: “Ouvir o clamor que vem das ruas”

“Nós, bispos do Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, reunidos em Brasília de 19 a 21 de junho, declaramos nossa solidariedade e apoio às manifestações, desde que pacíficas, que têm levado às ruas gente de todas as idades, sobretudo os jovens. Trata-se de um fenômeno que envolve o povo brasileiro e o desperta para uma nova consciência. Requerem atenção e discernimento a fim de que se identifiquem seus valores e limites, sempre em vista à construção da sociedade justa e fraterna que almejamos.Nascidas de maneira livre e espontânea a partir das redes sociais, as mobilizações questionam a todos nós e atestam que não é possível mais viver num país com tanta desigualdade. Sustentam-se na justa e necessária reivindicação de políticas públicas para todos. Gritam contra a corrupção, a impunidade e a falta de transparência na gestão pública. Denunciam a violência contra a juventude. São, ao mesmo tempo, testemunho de que a solução dos problemas por que passa o povo brasileiro só será possível com participação de todos. Fazem, assim, renascer a esperança quando gritam: “O Gigante acordou!”Numa sociedade em que as pessoas têm o seu direito negado sobre a condução da própria vida, a presença do povo nas ruas testemunha que é na prática de valores como a solidariedade e o serviço gratuito ao outro que encontramos o sentido do existir. A indiferença e o conformismo levam as pessoas, especialmente os jovens, a desistirem da vida e se constituem em obstáculo à transformação das estruturas que ferem de morte a dignidade humana. As manifestações destes dias mostram que os brasileiros não estão dormindo em “berço esplêndido”.O direito democrático a manifestações como estas deve ser sempre garantido pelo Estado. De todos espera-se o respeito à paz e à ordem. Nada justifica a violência, a destruição do patrimônio público e privado, o desrespeito e a agressão a pessoas e instituições, o cerceamento à liberdade de ir e vir, de pensar e agir diferente, que devem ser repudiados com veemência. Quando isso ocorre, negam-se os valores inerentes às manifestações, instalando-se uma incoerência corrosiva que leva ao descrédito. Sejam estas manifestações fortalecimento da participação popular nos destinos de nosso país e prenúncio de novos tempos para todos. Que o clamor do povo seja ouvido! Sobre todos invocamos a proteção de Nossa Senhora Aparecida e a bênção de Deus, que é justo e santo”.
Sobre a Reforma Política, cuja urgência urgentíssima se tornou agora ainda mais evidente, houve um consenso de que o primeiro passo - proposta do Movimento pró-reforma - será o financiamento público exclusivo de campanhas, que deverá ser acompanhado de outras medidas necessárias para uma Reforma Política à altura do clamor vindo das ruas.
Outras informações o leitor poderá obter na seção “Notícias” do site da CNBB.

Dom Eduardo Benes de Sales Rodrigues
Artigo publicado no Jornal Diário de Sorocaba-23/06/2013


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